Italo Calvino (1923-1985) é decisivamente um dos autores que mais viveu de perto todas as experiências essenciais da história intelectual pós-bélica, acompanhando as transformações da cultura italiana e internacional ao longo de quarenta anos. Para além disso, teve o grande mérito de contribuir para o nascimento do “experimentalismo” e da procura de novos horizontes linguísticos e temáticos alheios aos do neorrealismo. É a fase da produção de Italo Calvino em que sobressai uma singular disposição de se abandonar ao fabuloso, disposição esta que já tinha caracterizado algumas das suas obras de ficção juvenis – é o caso, por exemplo, de Il visconte dimezzato (1952). Esse romance e outros dois, Il barone rampante (1957) e Il Cavaliere inesistente (1959), recolhidos em 1960 no volume I nostri antenati (título que sublinha a ligação com o presente dos acontecimentos vividos pelos três protagonistas – “nobres de fábula”, por assim dizer, devido às relações inabituais consigo próprios e com a realidade), fazem com que se possa falar de um escritor dotado de predisposições absolutamente únicas, particulares. De facto, Italo Calvino nestes três breves romances demonstra como é possível juntar a mais livre invenção à atitude moral e à racionalidade humana, sem alguma intenção dogmática. Estamos, fundamentalmente, na presença de três obras de ficção que podem ser lidas como verdadeiras parábolas sobre a razão; noutras palavras, como um conúbio indissolúvel entre fábula, moral e invenção narrativa.

Fábula moral e invenção narrativa na obra de Italo Calvino

DE CUSATIS, Brunello Natale
2013

Abstract

Italo Calvino (1923-1985) é decisivamente um dos autores que mais viveu de perto todas as experiências essenciais da história intelectual pós-bélica, acompanhando as transformações da cultura italiana e internacional ao longo de quarenta anos. Para além disso, teve o grande mérito de contribuir para o nascimento do “experimentalismo” e da procura de novos horizontes linguísticos e temáticos alheios aos do neorrealismo. É a fase da produção de Italo Calvino em que sobressai uma singular disposição de se abandonar ao fabuloso, disposição esta que já tinha caracterizado algumas das suas obras de ficção juvenis – é o caso, por exemplo, de Il visconte dimezzato (1952). Esse romance e outros dois, Il barone rampante (1957) e Il Cavaliere inesistente (1959), recolhidos em 1960 no volume I nostri antenati (título que sublinha a ligação com o presente dos acontecimentos vividos pelos três protagonistas – “nobres de fábula”, por assim dizer, devido às relações inabituais consigo próprios e com a realidade), fazem com que se possa falar de um escritor dotado de predisposições absolutamente únicas, particulares. De facto, Italo Calvino nestes três breves romances demonstra como é possível juntar a mais livre invenção à atitude moral e à racionalidade humana, sem alguma intenção dogmática. Estamos, fundamentalmente, na presença de três obras de ficção que podem ser lidas como verdadeiras parábolas sobre a razão; noutras palavras, como um conúbio indissolúvel entre fábula, moral e invenção narrativa.
2013
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Utilizza questo identificativo per citare o creare un link a questo documento: https://hdl.handle.net/11391/1103265
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